~ S I N C R O N I C I D A D E S ~
Crônica de Luiz Henrique Do Carmo*
Vitória, ES – Muito legal a ideia de juntar vários tipos de cultura num só lugar, durante vinte e quatro horas, sem intervalo. Mais legal ainda é quando a população ama o evento e participa, sem colocar defeito onde não tem. Pena que nem sempre isso acontece.
Devo estar atrasado ao escrever este texto, mas não poderia deixar de dar minha opinião sobre a opinião das pessoas que criticaram esse lindo evento que aconteceu em Vitória, no meio do mês de setembro.
Logo nas primeiras horas de evento, comentários explodiam na internet. O “não consigo chegar em casa! Isto é um absurdo” ou o “Não deveria ter esse tipo de evento em Vitória. Uma bagunça total!”, me deixavam um tanto incomodado.
Houve engarrafamentos, houve bagunça. Mas qual é a festa que não tem bagunça?
Vitória é a capital do Espírito Santo, tem um dos mais bonitos centros históricos do estado. Abriga a sede do governo, que, vira e mexe, abriga exposições maravilhosas. O centro possui um teatro maravilhoso, que sempre exibe peças fantásticas e de grande renome nacional. A população de vitória é pequena (não falarei números aqui), em comparação com cidades como o Rio.
Tantas opções culturais, e na maioria das vezes muito baratas, a população não aproveita o vasto campo de oportunidades que se torna a cidade. Especialmente este ano, o centro da cidade se transformou num verdadeiro campo cultural.
Por questões de logística, não pude comparecer ao “Viradão Vitória”, mas não há nada melhor que conhecer um evento pela boca de amigos. Quando digo amigos, estou falando de pessoas próximas e que, normalmente, têm o mesmo pensamento que você. Estas pessoas me falaram maravilhas e eu imagino que tenha sido mesmo.
Deve ter sido lindo o show da cantora Céu na varanda; o espetáculo maravilhoso do Zeca Baleiro, em plena Praça Oito; as apresentações de Congo atravessando a estreita Rua Sete.
Tanta coisa bonita, tanta coisa pra se aproveitar. Vitória raramente traz eventos tão grandes, tão legais e de graça. Ainda não entendi esse povo. Vivem reclamando que não se tem nada aqui, que é um verdadeiro marasmo. Mas, como fazer algum evento se, sempre que se cogita algo do tipo, as pessoas começam a reclamar? Se querem cultura, arquem com o ônus. Eu posso arcar, porque eu quero. Não vou morrer se chegar um dia mais tarde em casa, nem se eu agüentar um som alto durante a madrugada.
A impressão que tenho, é que as pessoas da capital Capixaba se tornaram velhas demais para absorver coisas novas. Viraram verdadeiras pedras, que só sabem dormir, acordar e reclamar do barulho.
Sou capixaba, me divirto em Vitória e me recuso a deixá-la parar. Daqui uns dias, vão criar o abaixo-assinado “Sem Festival, sem samba, sem “Viradão”, que eu tô ficando velho”.
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* Correspondente de Kultme em Vitória, ES, Luiz Henrique do Carmo, 20 anos, é capixaba e se define como escritor amador, embora mantenha um blog de textos poéticos & pessoais que nega na prática a expressão “amador” . Gosta de cinema e de todo o tipo de música, principalmente o que é novo. Apaixonado por cultura brasileira planeja levar o Brasil para as telas do cinema e tv.